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A análise é um lugar onde a infelicidade e o sofrimento podem aparecer e ser elaborados, é onde se pode criar e construir a própria maneira de ser feliz, ou, pelo menos, de tentar sê-lo.

“O que revela a própria conduta dos homens acerca da finalidade e intenção de sua vida, o que pedem eles da vida e desejam nela alcançar? É difícil não acertar a resposta: eles buscam a felicidade, querem se tornar e permanecer felizes.” Freud, S.
Não é de hoje que a felicidade, ou melhor, a busca por ela, ocupa lugar de destaque na vida dos homens. Contudo, atualmente, a felicidade ganhou ainda mais notoriedade e adquiriu o caráter obrigatório de algo a ser buscado e mantido.
O verbo “ser” tomou o lugar do “estar”. Não bastam mais momentos esporádicos de felicidade, esta tem de estar presente de uma forma contínua na vida do sujeito. A regra é ser feliz em tudo: no trabalho, no estudo, na vida familiar, nas amizades etc.
A felicidade tornou-se uma obsessão moderna, uma ideia fixa, uma utopia fetichizada, uma mercadoria a ser comprada. Não faltam livros de autoajuda, produtos milagrosos, técnicas terapêuticas, palestras motivacionais e cursos on-line que vendem a fórmula mágica da felicidade.
Mas onde fica o espaço e o tempo para o sofrimento e as dores, para as frustrações e decepções, para se sentir triste, para baixo, insatisfeito?
Tudo isso traz algumas reflexões à tona: seria possível ser feliz de forma contínua e prolongada, ou a felicidade se resume apenas ao instante de alguns raros momentos? A “receita” de felicidade do outro é aplicável a mim e vice-versa? É realizável viver sem sofrimento, em uma paz plena? Em suma, o que é a felicidade e como ser feliz?
Segundo Freud, “não há [...] um conselho válido para todos; cada um tem que descobrir a sua maneira particular de ser feliz."